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Sustentabilidade e ecoeficiência na cadeia do plástico

Antonio de Oliveira Siqueira

Introdução

O consumo de plástico está cada vez mais presente em nossas vidas, mas oconsumo excessivo, a produção para uso único, o descarte incorreto e os baixos índices de reciclagem são uma ameaça para nós e para o meio ambiente.

A produção global de plástico:

• 2011 – 235 milhões de toneladas

• 2020 – 400 milhões de toneladas

• 2025 – 600 milhões de toneladas

Obs.: 1,5% dessa produção é de bioplástico (6 milhões de toneladas).

Isso é preocupante, pois o lixo gera poluição nos oceanos, rios e solos, além de consumir cerca de 13% do limite estimado de emissões de carbono para o aquecimento global.

O Brasil, por exemplo, com 11,3 milhões de toneladas descartadas por ano, está em quarto lugar entre os maiores produtores de lixo plástico do planeta(WWF).

Do total de resíduos produzidos, apenas 1,28% são reciclados, de modo que o destino do plástico se torna um problema, pois 7,7 milhões de toneladas vão para aterros sanitários e 2,4 milhões de toneladas vão para céu aberto.

As embalagens de uso único são as principais vilãs nesse cenário. Do total de 400 milhões de toneladas de plásticos produzidos no mundo em 2020, 158 milhões de toneladas (39,5%) são de recipientes de uso único. Além disso, os atuais sistemas de reciclagem não conseguem lidar com esse volume de resíduos, ou de modo mais prático, das mais de 9 bilhões de toneladas de plástico produzidas desde a década de 1950, menos de 10% foi reciclado(Atlas do Plástico – Fundação Heinrich Böll).

“Cada brasileiro produz semanalmente, em média, um kg de resíduos plásticos, equivalente a dois navios cargueiros de lixo. Apesar da consciência de que o plástico é reciclável, grande parte da população não faz a separação correta de resíduos. Essa falta de consciência e de programas educacionais aliada a uma fraca legislação dificulta a reciclagem no país” (nota à imprensa de Daisy Bispo, coordenadora da Fundação Heinrich Böll).

Blue Beauty

Considerando que: 

• a cada ano, cerca de 8 milhões de toneladas de plástico vão parar nos oceanos;

• 83% da água que sai das nossas torneiras contêm partículas desse material e, até 2050, teremos mais plástico no mar do que peixes(PNUD);

• Resíduos plásticos já foram encontrados em mais de 240 espécies; 

• 90% das aves marinhas comeram resíduos plásticos pelo menos uma vez na vida; 

• o plástico demora aproximadamente 400 anos para se decompor na natureza; 

• cerca 14 mil toneladas por ano de filtro solar sejam levadas para os recifes de coral em todo o mundo (estudo publicado no Journal Archives ofEnvironmental Contamination and Toxicology); etc.

Surgiram movimentos nos último dez anos como Slow BeautyClean BeautyGreen Beauty e Blue Beauty. Movimentos estes que querem propor uma relação mais atenta e responsável envolvendo a nossa rotina de beleza.

O movimento Blue Beauty (Jeannie Jarnot), em especial, tem como foco:

• a conservação do oceano por meio da redução de geração de plásticos,

• a atenção ao descarte

• o corte de desperdícios (de água ou de consumo).

O termo Blue Beauty ainda aparece timidamente no Brasil. Não basta, porém, pensar somente em embalagens recicláveis. “Muitas marcas já trabalham com iniciativas de logística reversa, mas é preciso ir além”, afirma Marcela Rodrigues, ativista pelo consumo consciente em beleza e fundadora da plataforma “a Naturalíssima”. O movimento prega que os produtos sejam livres de ingredientes tóxicos, não produzam resíduos e não degradem o ambiente marinho (incluindo o processo de obtenção de matéria-prima, como determinadas algas e minerais cobiçadas no universo de skincare).

Sustentabilidade e ecoeficiência

Sustentabilidadesustentabilidade ou desenvolvimento sustentável: “… atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades”. (Comissão para o Desenvolvimento e Meio Ambiente)

Ou, dito de outra maneira: economicamente viável + ecologicamente correto + socialmente justo.

Ecoeficiênciaé tornar mensurável a sustentabilidade!!!!

Vantagens e desvantagens do plástico convencional

É inegável que o plástico por suas características é uma matéria importante em aspectos de conveniência e, em muitos sentidos, proporciona desenvolvimento tecnológico. Sua maleabilidade e capacidade de transformação mediante emprego do calor, pressão ou reações químicas dão ao plástico condições para sua utilização como matéria-prima dos mais variados tipos de objetos. Por ser leve, durável, fácil de transportar, resistente e flexível, ele progressivamente substituiu materiais como cerâmica, madeira e vidro em muitas áreas.

A matéria prima dos plásticos geralmente é o petróleo, recurso natural não-renovável cuja extração em larga escala abre um debate intenso sobre seus efeitos no meio ambiente devido aos riscos associados à acidificação dos oceanos, aquecimento global, seus processos de extração, derramamentos, poluição do ar e os próprios resíduos plásticos indevidamente descartados que contaminam fauna e flora terrestres e os oceanos.

Vantagens e desvantagens dos plásticos alternativos

O plástico de amido, por exemplo, tem a vantagem de ter sua origem em uma fonte renovável, ser compostável, biocompatível com o corpo humano e biodegradável; mas pode ser facilmente atacado por bactérias (e com isso não cumprir sua função de proteger alimentos), possui um custo econômico mais alto e por ser feito a partir de vegetais, demanda terras agricultáveis, competindo com a produção de alimentos.

O plástico PLA é também biodegradável, reciclável, oriundo de fonte renovável e compostável, por outro lado, assim como o plástico de amido, sua produção pode ser questionada quanto ao argumento de que compete em espaço com a produção de alimentos, e também com relação às emissões de CO2 equivalente associadas à sua decomposição quando esta se dá em condição anaeróbia.

O plástico verde, por sua vez, possui características físico-químicas semelhantes às do plástico convencional (à base de petróleo), no entanto, sua vantagem está no fato de ter sua origem na cana-de-açúcar que, em seu desenvolvimento, capta CO2. Outro aspecto positivo se dá em sua reciclabilidade, não havendo restrições quanto à sua combinação com outros plásticos convencionais no processo de reciclagem. No entanto, existem questionamentos com relação a problemas ambientais que ocorrem a partir dos resíduos oriundos do descarte inadequado do material, situação semelhante à dos plásticos convencionais. Sua origem renovável, oriunda de culturas vegetais, também suscita críticas quanto à possível competição com terras agricultáveis para fins alimentares, bem como sua influência no aumento do regime de monocultura.

O plástico oxibiodegradável

Plástico oxibiodegradável é aquele que tem sua fragmentação acelerada por influência de oxigênio, luz, temperatura e umidade.

O que determina a condição de oxidegradabilidade (degradação pelo oxigênio) de um plástico é a utilização de aditivos chamados de pró-degradantes, tipicamente sais de metal baseados em elementos como cobalto (Co), ferro (Fe), manganês (Mn) ou níquel (Ni). Eles são adicionados a compostos convencionais da produção de plásticos, feitos a partir de recursos retirados de subprodutos do refinamento do petróleo, tais como o polietileno (PE), o polipropileno (PP), o poliestireno (PS) e o politereftalato de etileno (PET). Desse modo, os aditivos proporcionam propriedades de fragmentação aos plásticos, condição prévia e necessária à biodegradação.

Bons Exemplos

Já existem marcas de filtros solares que estão retirando de suas formulações ingredientes como oxibenzona, que são tóxicos para recifes de corais. Além disso, há também empresas que estão substituindo as esferas micro plásticas dos esfoliantes e cremes dentais que acabam no mar

Ingrediente cobiçado pela indústria cosmética graças aos poderes antioxidantes, o esqualeno tem como fonte principal uma raça particular de tubarão que vive em águas profundas de Okinawa, no Japão. A Biossance, marca de beleza sustentável, encontrou na biotecnologia uma alternativa 100% vegetal ao ativo — os mesmos benefícios para a pele são conseguidos biossinteticamente a partir da cana-de-açúcar renovável.

Pioneira no modelo de refil, a Natura afirma evitar, com essas embalagens, o descarte de 1,6 mil toneladas de resíduos no planeta por ano. 

Destaque também para as embalagens ecológicas de SOU, que levam 70% menos plástico do que uma convencional

A Skin Protect Ocean Respect, da francesa Avène. Com foco em redução de danos à vida marinha, produzem filtros solares com zero impacto em fitoplanctons, zooplanctons e corais. 

A Australian Gold (Grupo Boticário), por exemplo, foi a primeira marca do Brasil a conquistar o selo Reef Safe, uma fórmula que não agride os corais marinhos.

Conclusão

Como as embalagens de cosméticos são de uso único e em sua maioria plásticos, as alternativas:

União das indústrias para forçar a mudança de comportamento do consumidor

Plásticos biodegradáveis

Substituição gradual do modelo de uso único 

Embalagens compostas de um único tipo de plástico

Embalagens composta de plástico reciclado

Agressividade na Logística Reversa

Incentivo aos estudos com foco na sustentabilidade e ecoeficiência cosmética

Fabricação de produtos concentrados

Diminuição do uso de embalagens

Criação e divulgação de indicadores

Divulgar e incentivar os selos verdes/azuis

Não fazer leilão reverso

Diminuir aerossóis

Fique longe de cosméticos com plásticos e plastificantes: Polyethylene(Polietileno), Polythene (Politeno), PE ou Phenoxyethanol (Fenoxietanol), Phthalates (Ftalatos). São poluidores das águas e desequilibram o ecossistema marinho.

Use até a última gota: depois, se preciso, corte o produtos, use o máximo possível. Em seguida, lave bem. Se for de plástico, encaminhe para a coleta seletiva. Ou pergunte à marca\loja se ela receberia de volta.

Sempre que possível, enalteça e compre de empresas que já oferecem plástico de origem vegetal (o mais famoso vem da cana-de-açúcar) ou embalagens de papel. Mas, acima de tudo, fique de olho no impacto ambiental causado por toda a operação da empresa em questão.

Faça trocas inteligentes: troque a escova de dente de plástico pela versão de cabo de madeira; o cotonete convencional pelo tipo que tem haste de papel ou bambu; e a esponja sintética pela bucha vegetal. Também vale lembrar dos aparelhos de barbear\depilar que são de difícil descarte. Adote um de metal, que é reutilizável.

Sempre fomos impulsionados a comprar muito. Para algumas pessoas, ainda é cool ostentar uma bancada do banheiro cheia de itens, muitas vezes com a mesma função. Se reduzimos o consumo, reduzimos as embalagens!

O que esperar para o futuro da beleza? “Precisamos de mais senso crítico e autorresponsabilidade por parte de consumidores. Por parte das marcas, comprometimento com um pilar essencial quando pensamos em sustentabilidade: menos é mais. É preciso ter responsabilidade em todo o processo da cadeia”, desabafa Marcela.

Papa Francisco

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