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O estudo das religiões: novos tempos, tarefas e opções.

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP
Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciência da Religião

Disciplina: Metodologia da Ciência da Religião
Professor: Prof. Dr. Wagner Lopes Sanchez
Aluno: Antonio de Oliveira Siqueira
Tema: Resenha do texto O estudo das religiões: novos tempos, tarefas e opções.
Data: 25/09/2017

O texto em questão é resultado de conferência pronunciado por Michael Pye em agosto de 2008, no I Congresso da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Teologia e Ciências da Religião – ANPTECRE, realizado na cidade de São Paulo, texto este que foi traduzido por Eduardo R. da Cruz. (CRUZ e MORI, 2011, s.p.)

Trata-se do primeiro capítulo, dos dez existentes, cujos autores e títulos estão listados a seguir, todos eles tendo como objeto de estudo a religião.

• Capítulo 1 – Michael Pye. O estudo das religiões: novos tempos, tarefas e opções.

• Capítulo 2 – Vítor Westhelle. Entre Américas: convergências e divergências teológicas.

• Capítulo 3 – João Batista Libanio. Religião no início do novo milênio.

• Capítulo 4 – Eduardo Andrés Silva Arévalo. Três novas abordagens da religião e da teologia a partir da filosofia.

• Capítulo 5 – Gilbraz Aragão. Sobre epistemologias e diálogos: Fenomenologia, diálogo interreligioso e hermenêutica.

• Capítulo 6 – Rudolf Von Sinner. Hermenêutica em perspectiva teológica.

• Capítulo 7 – Edênio Vale. Ciências cognitivas, filosofia da mente e fenomenologia: um debate contemporâneo.

• Capítulo 8 – Paulo Sérgio Lopes Gonçalves. O círculo hermenêutico na Teologia da Libertação.

• Capítulo 9 – Wilhelm Wachholz. Por uma Teologia como ciência e pela ecumene das ciências.

• Capítulo 10 – Antônio Gonçalves Mendonça. Memória: Fenomenologia e experiência religiosa.

• Posfácio – Eduardo R. da Cruz. E agora, para onde vamos?

Este livro, de forma geral, busca produzir o debate entre Teologia e Ciências da Religião na atmosfera acadêmica, onde são tratadas questões como religião, o sagrado, a crença, entre outros.

É possível perceber ao longo das discussões propostas que há muitas questões em aberto, haja vista as características próprias do objeto de estudo e sua consequente complexidade, levando-se em conta ainda a distinção de caminhos para tentar entender tal objeto, quer seja pelo viés da Teologia ou Ciência. Campos aparentemente distintos, mas que podem contribuir um com o outro, enriquecendo-se mutuamente, e, por conseguinte para todos os demais interessados. (XAVIER, 2012, p. 312)

No que tange ao autor, Michael Pye é inglês, tendo iniciado sua carreira acadêmica na Inglaterra e no Japão. Entre os anos de 1982 e 2004, foi professor de Ciências da Religião na Alemanha, especificamente na Universidade de Marburg. Esteve por oito semestres como professor visitante na Universidade Otani em Kyoto, Japão. Além disso, foi Presidente da International Association for the History of Religions – IAHR entre 1995 e 2000, sendo um dos mais renomados representantes da área, comgrande conhecimento sobre a situação da Ciência da Religião na Europa, no Japão e em diversos outros países ainda não suficientemente contemplados na discussão meta-teórica entre cientistas da religião brasileiros. (USARSKI, 2008, p. 127)

Pye esteve no Brasil, convidado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, em continuidade ao esforço de intercâmbio com protagonistas internacionais da Ciência da Religião envolvidos na reflexão sobre o status e a constituição epistemológica da disciplina. (USARSKI, 2008, p. 127)

Durante o período que esteve no Brasil, participou ativamente em uma série de eventos, incluindo a palestra de abertura do I Congresso da ANPTECRE, que foi realizado entre os dias 27 e 29 de agosto de 2008. (USARSKI, 2008, p. 129)

Nessa ocasião, o seu texto foi intitulado Studying religions: new needs and new options in today’s world, promoveu um debate interessante acerca dos elementos epistemológicos e metodológicos da Ciência da Religião e sobre os limites e as possibilidades de utilização de princípios disciplinares defendidos por pesquisadores e sociedades acadêmicos internacionais. (USARSKI, 2008, p. 129)

Esse texto, que teve seu título traduzido por Eduardo Cruz como Estudando as religiões: novas necessidades e novas opções no mundo contemporâneo, que, com poucas modificações, resultou no texto em questão, ou melhor, O estudo das religiões: novos tempos, tarefas e opções. (CRUZ e MORI, 2011, s.p.)

O texto em questão, está dividido em alguns subtítulos, além das referências bibliográficas, cuja sequência indicamos a seguir:

• A Ciência das Religiões como uma disciplina coerente e consistente

• O campo religioso em mudança

• Espiritualidades informais e outras mudanças recentes no campo

• A Ciência das Religiões e temas contemporâneos

• Uma breve conclusão

O autor inicia seu texto indicando que há uma necessidade clara de atualização da forma com que o “estudo da religião” deve se submeter, apesar de sua tradição não tão recente, mas que se enveredou numa condição duvidosa, requerendo, portanto de aperfeiçoamento que conduza a um status de distinção.

Pelas suas próprias palavras, o mundo tem mudado drasticamente ante nossos olhos e, assim, novos temas e novas questões têm se apresentado para pesquisa de forma continuada. (PYE, 2011, s.p.)

Segundo Pye, há que se considerar duas definições importantes, “disciplina” e “campo”, sendo a primeira a Ciência das Religiões e as religiões ou a cultura da religião o campo de estudo.

Apesar da simplicidade como pode ser apresentada essa conceituação, há uma forma de aplicação ou abordagem parciais e potencialmente destrutivas da boa pesquisa no campo das religiões (PYE, 2011, s.p.), independentemente de o grupo ser mais próximo ou não da religião.

Segundo o autor, há que se ter muito cuidado para tratar dos fenômenos relacionados com esse campo de estudo, devendo a explicação ser sempre precedida de uma caracterização adequada, evitando-se essa atmosfera contestatória envolvendo a disciplina da Ciência das Religiões.

Quanto às possíveis terminologias para denominar o “estudo da religião”, Pye adota como mais adequado o termo Ciência das Religiões, pois pretende que ocorra a integração das ciências envolvidas, além da condição de que se trata de muitas religiões por estudar.

No que se refere ao “campo”, pelo menos no que se refere aos fatos ocorridos, apesar das indicações de uma mudança ao longo do tempo, essas modificações estão relacionadas mais à forma com que o fenômeno estudado é percebido, ou seja, “Em certo sentido, a história não pode ser mais mudada. Apenas as percepções dos eventos históricos é que são mudadas”. (PYE, 2011, s.p.)

Certamente, que com o passar do tempo as condições do campo sofrem alterações, seja pela maior ou menor atuação de certos grupos sociais, seja pela condição de novos entrantes religiosos, ou pelas mais diversas modificações demográficas, políticas ou sociais, que influenciarão direta ou indiretamente nas articulações entre as pessoas e seus grupos, incluindo-se as questões religiosas.

Dessa forma, considerando essa mutação natural, três características podem ser evidenciadas e que poderiam ser melhor avaliadas (PYE, 2011, s.p.), ou seja:

a) A área de “espiritualidades informais”;

b) A visibilidade política ressurgente da religião; e

c) O aumento das interações globais que afetam a religião.

O autor, em seguida, acreditando na responsabilidade social do pesquisador (PYE, 2011, s.p.), entende que, apesar de pesquisadores mais puristas criticarem, as pesquisas devam considerar temas mais pertinentes ao momento histórico vivido, refletindo as preocupações da sociedade, podendo ser no momento atual, as questões da bioética, meio ambiente, etc.

Avaliando o conteúdo do texto apresentado, apesar de a discussão ser legítima acerca da construção de uma ciência com as menores interferências políticas e religiosas, fica evidente a condição meramente informativa, sem a apresentação de práticas que mitiguem essas interferências.

Os problemas mencionados são de pleno conhecimento da academia, sem, no entanto, a sugestão, mesmo que discutíveis, de métodos e formas de controles dos possíveis abusos que o objeto de estudo denominado Religião podem ser submetidos, de maneira intencional ou não.

Há que se considerar ainda as fontes utilizadas, que se não é um texto somente do autor, foi escrito em parceria com outro pesquisador, o que oxigena pouco a discussão.

Por fim, como questionamentos ou provocações, temos o que segue:

• De que forma podemos dar continuidade na busca pela integração da disciplina?

• Como produzir a libertação da Ciência das Religiões das motivações religiosas e manipulações políticas?

• Quais a preocupações verdadeiramente existentes na discussão acerca dos plurais ou singulares da Ciência da Religião? 

Referências Bibliográficas

CRUZ, Eduardo R.; MORI, Geraldo de. (Orgs.) Teologia e Ciências da Religião: acaminho da maioridade acadêmica no Brasil. São Paulo: Paulinas. 2011. 252 p.

PYE, Michael. O estudo das religiões: novos tempos, tarefas e opções. In: CRUZ, Eduardo R.; MORI, Geraldo de. (Orgs.) Teologia e Ciências da Religião: a caminho da maioridade acadêmica no Brasil. São Paulo: Paulinas. 2011. 252 p.

USARSKI, Frank. Relatório da visita de Michael Pye à PUC-SP e ao Brasil. REVER, São Paulo, pp. 126-134, setembro, 2008.

XAVIER, Joelma Aparecida dos Santos. Resenha. Horizonte, Belo Horizonte, v. 10, n. 25, p. 312-315, jan./mar. 2012.

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